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Menores de idade no tiro esportivo: regras, formação e desafios

02 JUN 2025

O tiro esportivo, no Brasil, tem atraído a atenção de públicos cada vez mais jovens, revelando-se não apenas uma modalidade de precisão e concentração, mas também uma poderosa ferramenta de desenvolvimento pessoal.

Quando praticado sob orientação adequada, o esporte do tiro contribui para o amadurecimento emocional, o fortalecimento do autocontrole e o aprendizado de valores como respeito, disciplina e responsabilidade.

No entanto, a participação de menores nessa prática levanta dúvidas frequentes quanto aos aspectos legais e aos limites permitidos.

O que diz a legislação brasileira

A legislação nacional estabelece critérios claros e rigorosos para o envolvimento de adolescentes no tiro esportivo. As normas atuais estão regulamentadas principalmente pelo Decreto nº 11.615/2023 e pela Portaria nº 166 do Comando Logístico (COLOG), criando faixas etárias distintas com permissões específicas.

  • Menores de 14 anos: não podem praticar, nem com armas de fogo nem com armas de pressão.

  • A partir de 14 anos: é permitida a prática recreativa com armas de simulação, como airsoft e paintball, sem necessidade de Certificado de Registro (CR).

  • Dos 14 aos 18 anos: podem praticar com armas de fogo ou de pressão, desde que haja autorização judicial específica e acompanhamento presencial de um responsável legal.

  • Dos 18 aos 25 anos: é permitida a prática com armas de clubes de tiro, mediante obtenção do CR.

  • Acima de 25 anos: já é possível a posse de arma própria para a prática esportiva.

Essas regras visam garantir a segurança e a responsabilidade em cada fase de desenvolvimento do jovem, equilibrando a prática esportiva com os cuidados necessários à faixa etária.

Exigências específicas para adolescentes entre 14 e 18 anos

Para que jovens dessa faixa etária possam ingressar no tiro esportivo com armas de fogo, devem ser atendidos alguns requisitos indispensáveis:

  • Obtenção de autorização judicial, baseada em avaliação psicológica do menor.

  • Presença obrigatória do responsável legal durante as sessões de treino e competições.

  • Treinamento realizado exclusivamente em clubes devidamente registrados e autorizados pela Polícia Federal.

  • Uso de armas pertencentes ao clube ou ao responsável legal, nunca de propriedade do próprio menor.

Essas exigências procuram garantir um ambiente seguro e controlado, onde a prática do tiro seja introduzida de forma pedagógica e responsável.

Tiro esportivo: formação técnica e desenvolvimento humano

Para além das regras, o tiro esportivo apresenta inúmeros benefícios para o jovem praticante:

  • Desenvolvimento da coordenação motora fina e do controle corporal.

  • Melhora da concentração e da capacidade de manter o foco sob pressão.

  • Fortalecimento do autocontrole emocional e da disciplina.

  • Socialização em um ambiente competitivo saudável e ético.

  • Base sólida para eventuais carreiras esportivas de alto rendimento.

O esporte oferece uma oportunidade única de unir o aspecto técnico com o desenvolvimento de habilidades emocionais e sociais fundamentais na vida adulta.

O papel do clube e da família na segurança da prática

A escolha do clube de tiro é peça-chave para garantir a qualidade e segurança do treinamento dos menores:

  • Regularização junto à Polícia Federal e ao Exército.

  • Infraestrutura adequada, com áreas de treino seguras e bem monitoradas.

  • Instrutores capacitados e preparados para trabalhar com jovens.

  • Filosofia de ensino que priorize valores educativos, éticos e técnicos.

A participação ativa da família, acompanhando cada etapa da formação, é fundamental para garantir que a prática esportiva cumpra seu papel educativo e seguro.

Debates e exceções jurídicas

Embora existam restrições claras para menores de 14 anos, há casos em que o Judiciário pode, excepcionalmente, autorizar o início antecipado com base no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e nos princípios constitucionais de proteção integral.

No entanto, essas decisões são raras e, em geral, encontram resistência judicial, especialmente diante de visões divergentes sobre o início precoce de esportes que envolvam armas. Este cenário gera debates, especialmente se comparado a outras modalidades olímpicas — como ginástica e natação —, onde o treinamento desde a infância é prática comum e até incentivada.

Conclusão: segurança, formação e responsabilidade

A loja Comercial Domingues, de Belo Horizonte (MG), conclui que, mesmo com as limitações previstas na lei, o tiro esportivo pode ser uma atividade valiosa para menores de idade quando praticado com responsabilidade, acompanhamento familiar e estrutura adequada.

O esporte vai além da competição, tornando-se um instrumento de formação de caráter e disciplina, capaz de preparar jovens para desafios tanto dentro quanto fora do estande.

Para saber mais sobre menores de idade no tiro esportivo, acesse: 

https://www.cbte.org.br/90861-2/#:~:text=32%2C%20inciso%20II%2C%20estabelece%20que,de%20quatorze%20anos%20de%20idade%E2%80%9D

https://www.camara.leg.br/noticias/1044003-projeto-impoe-novas-regras-para-menores-de-18-anos-praticarem-tiro-desportivo/


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